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NO CONTEXTO - Não julgueis... Mt 7:1
NO CONTEXTO - Não julgueis... Mt 7:1

 "Não julgueis, para que não sejais julgados."  Mateus 7:1

 

1. Contexto de Mateus 7:1

Mateus 7:1 faz parte do Sermão da Montanha, onde Jesus instrui seus seguidores sobre diversos aspectos da vida cristã. No contexto, Jesus está ensinando sobre a hipocrisia e a necessidade de se auto avaliar antes de criticar os outros. Ele não está proibindo todo tipo de julgamento, mas advertindo contra um julgamento hipócrita e injusto, que não leva em consideração a própria condição.

 

2. Ampliando o assunto 

Julgamento Justo: "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça." 1. João 7:24

Esta passagem esclarece que Jesus não está proibindo todo julgamento, mas enfatizando a necessidade de julgar com justiça e discernimento. Julgar com base na aparência externa e superficial é perigoso. 

Hipocrisia no Julgamento: "Portanto, és inescusável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois tu, que julgas, fazes o mesmo." Rm 2:1-3

Paulo adverte contra a hipocrisia, que é exatamente o que Jesus estava condenando em Mateus 7:1. Quando julgamos os outros sem reconhecer nossos próprios pecados, caímos no erro que Jesus e Paulo denunciam.

Julgar o Próximo: "Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão e julga a seu irmão, fala mal da lei e julga a lei. Ora, se tu julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz." Tg 4:11-12

Tiago repete o ensino de Jesus, alertando contra a fala maliciosa e o julgamento dos outros. Este versículo reforça a ideia de que o julgamento hipócrita e crítico é contrário ao espírito de amor e humildade que deve caracterizar os cristãos. 

Retirar a Trave do Próprio Olho: "Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão." Mt 7:5

Jesus não condena a correção fraterna, mas ensina que primeiro devemos lidar com nossos próprios pecados antes de tentar corrigir os outros. Isso faz parte do contexto imediato de Mateus 7:1.

Restaurar com Mansidão: "Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado." Gl 6:1

Essa passagem nos instrui a tratarmos aqueles que pecam com mansidão e cuidado, o que requer discernimento, mas também humildade. Essa abordagem é consistente com a mensagem de Mateus 7:1.

 

3. Importância do Contexto

O contexto completo do Sermão da Montanha mostra que Jesus está abordando atitudes do coração. Ele nos chama a olharmos para nós mesmos primeiro, antes de criticarmos as outras pessoas. Assim, o julgamento justo, que é feito com amor e correção, é permitido e até necessário na vida cristã.

Definição do julgamento justo

Este se refere à uma avaliação cuidadosa e imparcial de uma situação ou comportamento à luz dos ensinamentos bíblicos. Ao contrário do julgamento hipócrita ou superficial, o julgamento justo é feito com uma compreensão completa das Escrituras, motivado pelo amor ao próximo e pelo desejo de ver a restauração e a santificação. 

A natureza do julgamento justo

1º lugar: Deve ser motivado pelo amor tendo como objetivo principal restaurar e ajudar, não condenar. O amor deve ser a força que motiva esse julgamento (Ef 4:15);

2º lugar: Deve ser baseado na verdade, ou seja, fundamentado nas Escrituras, e não em opiniões pessoais ou preconceitos (Jo 7:24);

3º lugar: Deve ser feito com humildade reconhecendo que também somos falhos e necessitamos da graça de Deus. Essa humildade nos ajuda a julgar com compaixão e não com arrogância (Gl 6:1).

 

4. Bases bíblicas para o julgamento justo

Julgar com justiça: “ Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça. ” Jo 7:24

Jesus nos ensina a evitarmos julgamentos baseados em aparências externas e superficiais. Em vez disso, somos chamados a julgar com justiça, que implica em considerar o contexto completo e a verdade da situação à luz das Escrituras. 

Disciplina na Igreja: “Pois que me importa julgar os estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iniquo. ” 1 Co 5:12-13

Paulo ensina que é responsabilidade da igreja julgar aqueles que estão dentro da comunidade de fé. Isso não significa condenação, mas uma disciplina amorosa que vida a restauração e a santidade do Corpo de Cristo.

Restaurar com mansidão: “ Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espirito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejais também tentados. “ Gl 6:1

A correção deve ser feita com um espirito de mansidão, reconhecendo que todos estamos sujeitos a cair. Este versículo reforça a necessidade de julgar e corrigir, mas sempre com o objetivo de restaurar e com um coração humilde.

Resgatar o desviado: “ Meus irmãos, se algum dentre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que fizer converter o pecador do erro do seu caminho salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados “ Tiago 5:19-20

Este texto destaca a importância de corrigir aqueles que se desviam.  O Ato de “converter” o pecador do erro é um tipo de julgamento justo, que visa salvar a pessoa da destruição espiritual.

 

6. Importância de julgar com base nas Escrituras

Discernimento Espiritual: O julgamento justo requer discernimento espiritual, que é a capacidade de aplicar a sabedoria bíblica a situações concretas. Isso é fundamental para evitar erros e para assegurar que nossas ações sejam guiadas pelo Espirito Santo. 

Responsabilidade comunitária: Como membros do corpo de Cristo, temos a responsabilidade de zelar uns pelos outros. Isso inclui corrigir em amor quando necessário, sempre buscando o bem espiritual de nossos irmãos e irmãs na fé.

 

7. Isolando o texto do seu contexto

Se esse texto de Mateus for usado de maneira isolada do seu contexto, pode levar à ideia equivocada de que os cristãos nunca devem fazer qualquer tipo de julgamento, o que contradiz outras partes das Escrituras que incentivam o discernimento e a correção fraterna.

Esse tipo de interpretação das Escrituras pode, de fato, nos levar ao risco de não praticarmos o julgamento justo e de forma adequada. Vejamos alguns pontos que ilustram como isso pode acontecer:

Desentendimento do propósito do julgamento justo

Quando textos bíblicos são isolados do seu contexto, especialmente aqueles que falam sobre julgamento, como em Mateus 7:1, pode-se criar uma falsa impressão de que todo tipo de julgamento é proibido. No entanto, o contexto completo das Escrituras ensina que o julgamento justo, motivado pelo amor e pela busca da verdade, é não apenas permitido, mas também necessário dentro da vida cristã.

Se nós entendermos erroneamente que não devemos julgar em hipótese alguma, corremos o risco de não corrigir comportamentos errados dentro da comunidade cristã, permitindo que o pecado se perpetue sem ser confrontado.

Ignorância das instruções para a correção

Quando nos deparamos com passagens bíblicas como Gálatas 6:1 e 1 Co 5:12-13 vamos perceber que elas nos mostram que há uma responsabilidade de corrigir aqueles que erram, sempre com mansidão e amor. No entanto, ao isolarmos textos que falam de amor e perdão, podemos ignorar essas instruções para a correção bíblica.

Sem a prática do julgamento justo, a correção e a disciplina dentro da igreja são negligenciados, o que pode resultar em uma falta de crescimento espiritual e no enfraquecimento da comunidade de fé. 

Aplicação incorreta do amor cristão

O amor é central na vida cristã, mas ele deve ser compreendido à luz de toda a Escritura. Isolar textos sobre amor e aceitação, sem considerar o chamado à santidade e à correção, pode nos levar a uma compreensão distorcida do que significa amar de verdade. O amor bíblico inclui a vontade de corrigir e guiar outros para a verdade, veja Hebreus 12:6-7.

Se aplicarmos o amor de forma isolada, sem a verdade e a correção que o acompanham, podemos acabar promovendo uma aceitação do pecado, confundindo aceitação com conivência. 

Perda do discernimento espiritual

O julgamento justo exige discernimento espiritual que é aprimorado pela meditação e aplicação cuidadosa de toa a Escritura. Quando isolamos textos do contexto, perdemos a visão completa e equilibrada da vontade de Deus, o que pode nos levar a decisões mal informadas ou superficiais.

A falta de discernimento pode resultar em julgamentos injustos, ou na ausência de julgamento quando este for necessário, acaba prejudicando tanto os indivíduos quanto a comunidade. 

 

7. Concluindo o assunto

Isolar o texto do seu contexto, especialmente em questões de julgamento justo, pode nos levar à incompreensão e à má aplicação das Escrituras. Isso, por sua vez, pode resultar na omissão de práticas bíblicas importantes, como a correção e a disciplina dentro da igreja. Para praticarmos o julgamento justo de maneira que reflita verdadeiramente o caráter de Cristo, é essencial que mantenhamos cada passagem dentro do seu contexto bíblico completo, equilibrando amor, verdade e justiça.

 

8. Aplicando o ensino

Aplicar as verdades bíblicas discutidas sobre o julgamento justo em nossa vida pessoal nos dias de hoje requer uma abordagem cuidadosa e equilibrada, fundamentada nas Escrituras Sagradas. Veja abaixo algumas maneiras de aplicarmos esses princípios ensinados acima em nosso cotidiano. 

Discernindo espiritualmente: O discernimento espiritual é importante para entendermos quando e como praticarmos o julgamento justo, Isso envolve a busca constante por sabedoria através da oração e do estudo da Palavra de Deus. Antes de Emitir qualquer julgamento sobre uma situação ou pessoa, busque orientação em oração e na Palavra de Deus. Peça a Deus por sabedoria (Tg 1:5) e sensibilidade ao Espirito Santo para agir com justiça e amor. 

Praticando o amor e verdade: Amar verdadeiramente alguém inclui ajuda-lo a caminhar em direção à verdade e a santidade, o que pode envolver a correção.

Aborde ao teu próximo com um coração cheio de amor e compaixão, sempre visando edificar e restaurar. Quando for necessário corrigir alguém, faça isso com mansidão, sabendo que todos estamos sujeitos ao erro (Gl 6:1). 

Equilíbrio entre misericórdia e justiça: Assim como Deus é tanto justo quanto misericordioso, somos chamados a equilibrar esses aspectos em nossas interações. Em qualquer situação que exija julgamento, considere tanto a justiça quanto a misericórdia. Reconheça a importância de corrigir erros, mas sempre com o objetivo de restaurar e não de condenar (Mt 23:23). 

Reconhecendo a necessidade de correção: Entender que a correção é uma expressão de amor e cuidado, e não de condenação, nos ajuda a aceitar e dar correção de maneira saudável. Portanto, esteja aberto a receber correção das pessoas e veja isso como uma oportunidade de crescimento. Da mesma forma, esteja disposto a corrigir, sempre com o desejo de ajudar as pessoas a crescerem em Cristo (Pv 27:5-6). 

Evitando julgamentos precipitados: O julgamento precipitado é aquele baseado em informações incompletas ou emocionais, pode ser prejudicial e injusto, por isso, antes de tirar conclusões ou fazer julgamentos, certifique-se de compreender a situação completamente. Não julgue segundo as aparências, ou o que simplesmente ouviu falar de alguém, mas busque compreender a verdade (Jo 7:24). 

Perseverando na santidade: Somos chamados a vivermos vidas que reflitam a santidade de Deus. O julgamento justo começa com a auto avaliação e o arrependimento. Sendo assim, examine de maneira constante a sua vida segundo a Palavra de Deus e esteja disposto a se arrepender e mudar de direção quando necessário. Isso fortalece a sua capacidade de julgar com retidão e pureza de coração (Mt 7:5); 

Construindo comunidades saudáveis: Em um contexto comunitário, a prática do julgamento justo é essencial para manter a saúde espiritual e a unidade. Então procure contribuir para a criação de uma cultura de honestidade e responsabilidade em sua igreja ou comunidade cristã. Incentive a prática do julgamento justo, onde as correções são feitas com amor e o objetivo de fortalecer a fé e a comunhão (Ef 4:15). 

A aplicação dessas verdades em nossa vida diária nos ajuda a refletirmos sobre o caráter de Deus através das nossas ações e interações com as outras pessoas. Ao buscarmos discernimento, praticarmos o amor e a verdade, equilibrando a justiça e a misericórdia de Deus, vivendo assim uma vida de santidade, estaremos alinhados mais de perto com os ensinamentos bíblicos e nos tornamos assim instrumentos de Deus para a edificação da Sua igreja e do mundo ao nosso redor.

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