A GRAÇA REDENTORA NA VIDA DE RAABE
A história de Raabe nos conduz a uma profunda reflexão sobre a soberania de Deus em Eleger e Redimir aqueles que estão distantes de Sua aliança. Ela, uma cananeia de Jericó, vivendo em um contexto de idolatria e pecado, foi alcançada pela graça divina e transformada pela fé, conforme testemunhamos em Josué 2 e em passagens que ecoam sua importância, como Hebreus 11:31 e Tiago 2:25.
Ao meditar sobre sua origem, vemos que Raabe estava inserida em um povo condenado pela justa ira de Deus, como foi declarado a Abraão em Gênesis 15:16, quando os pecados dos amorreus ainda não haviam atingido a medida completa. Os cananeus eram conhecidos por suas práticas de idolatria e imoralidade, o que os colocava sob o julgamento divino. E ainda assim, é em meio a esse cenário que a soberana graça de Deus se manifesta, alcançando Raabe e redimindo-a do contexto de perdição.
Raabe é um testemunho vivo de que a eleição divina não se baseia em méritos humanos, mas em um propósito eterno de Deus, como ensinado na Confissão de Fé de Londres de 1689, capítulo 3, que trata do "Decreto Eterno de Deus". Ali aprendemos que Deus, desde a eternidade, determinou em Sua sabedoria e vontade todas as coisas, incluindo aqueles que seriam salvos em Cristo. A fé de Raabe, descrita em Hebreus 11, é a evidência de que sua salvação não veio de obras, mas foi o dom de Deus (Efésios 2:8-9), operando em seu coração antes mesmo de ela pertencer formalmente ao povo de Israel.
Seu reconhecimento de que "o Senhor, o seu Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra" (Josué 2:11) revela que o Espírito Santo já havia operado uma transformação interna, mesmo antes de Raabe se unir à comunidade da aliança. Isso nos lembra que a regeneração precede a fé, um ensino reformado que também encontra fundamento na Confissão de Fé de Londres (capítulo 10), que explica como Deus vivifica os eleitos espiritualmente e os chama eficazmente à fé.
A história de Raabe também destaca a natureza transformadora da fé genuína. Ao esconder os espias e arriscar sua própria vida, Raabe demonstrou uma fé viva, operante, que se manifesta em obediência. Como Tiago enfatiza, a fé sem obras é morta (Tiago 2:26). No entanto, as obras de Raabe não foram a causa de sua salvação, mas a evidência de que ela já havia sido justificada diante de Deus.
Por fim, a inclusão de Raabe na genealogia de Jesus (Mateus 1:5) nos ensina sobre a união entre a graça soberana e o plano redentor de Deus. Raabe, uma estrangeira e pecadora, foi enxertada na linhagem do Messias, mostrando que em Cristo não há distinção entre judeu e gentio, e que a salvação é oferecida a todos os que creem. Isso reflete a doutrina da "graça irresistível", onde Deus, em Seu tempo, chama eficazmente os Seus, conduzindo-os à comunhão plena com Ele.
Ao meditar sobre Raabe, somos confrontados com o poder transformador da graça de Deus, que redime aqueles que estão em escuridão profunda e os traz à luz de Cristo. Que sua história nos inspire a confiar na soberania divina, a proclamar a salvação para todos os povos e a viver pela fé, demonstrando frutos que glorifiquem a Deus. Que possamos, como Raabe, reconhecer a grandiosidade do Senhor, testemunhar Suas maravilhas e viver em obediência, sabendo que a graça que nos alcançou é a mesma que nos sustenta diariamente.
Oremos: Senhor, obrigado pela Tua graça soberana, que redime pecadores e transforma vidas. Ajuda-nos a confiar em Teu plano eterno e a viver uma fé que glorifique o Teu nome. Que possamos proclamar a Tua salvação com ousadia, confiantes de que o Teu poder é capaz de alcançar os corações mais endurecidos. Em nome de Jesus, amém.