BREVE CATECISMO - PERGUNTA 02

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OS ATRIBUTOS DE DEUS

BREVE CATECISMO - PERGUNTA 02

No final do estudo você pode responder ao Quiz desta pergunta.

02. Qual é a regra que Deus nos deu para nos ensinar

como glorificá-Lo e gozá-Lo?

R:A palavra de Deus, que se encontra nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, é a única regra para nos ensinar como glorificá-Lo e gozá-Lo.

COMENTÁRIO SOBRE O ASSUNTO

A segunda pergunta do Breve Catecismo de Westminster aborda uma questão essencial para a vida cristã: qual é a regra que Deus nos deu para nos ensinar como glorificá-Lo e gozá-Lo? A resposta nos conduz diretamente à centralidade das Escrituras, afirmando que a Palavra de Deus, contida nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, é a única regra para esse propósito. Essa afirmação é fundamental e reflete a crença na suficiência, autoridade e inspiração divina da Bíblia como guia infalível para a fé e prática cristãs.

As Escrituras são apresentadas como a revelação direta de Deus à humanidade, proporcionando orientação sobre como viver de maneira que glorifique ao Criador e nos permita desfrutar da comunhão com Ele. O apóstolo Paulo escreve em 2 Timóteo 3:16-17 que "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." Essa passagem destaca a origem divina das Escrituras e sua aplicação prática para a formação do caráter e da conduta do cristão.

A palavra "inspirada" usada por Paulo traduz o termo grego theopneustos, que significa "soprada por Deus". Isso indica que a Bíblia não é meramente uma coleção de ideias humanas sobre Deus, mas a própria Palavra de Deus comunicada por meio de autores humanos. Como tal, ela possui autoridade absoluta em todas as questões de fé e prática. Essa autoridade é reiterada em João 17:17, quando Jesus ora ao Pai dizendo: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade." O próprio Cristo, durante Seu ministério terreno, constantemente apontou para as Escrituras como a base de Seus ensinamentos e ações, validando sua importância para o povo de Deus.

A unidade das Escrituras do Antigo e do Novo Testamento também é essencial para entender sua função como regra de fé. Embora escritas em diferentes épocas e contextos, ambas as partes formam uma narrativa coerente que revela o plano redentor de Deus através de Jesus Cristo. Em Lucas 24:27, Jesus explica aos discípulos, após Sua ressurreição, como toda a Escritura aponta para Ele. Essa continuidade destaca que as Escrituras não são apenas um registro histórico ou um manual de conduta, mas a revelação de um relacionamento vivo entre Deus e Seu povo, culminando na obra redentora de Cristo.

A Palavra de Deus ensina como glorificar a Deus e desfrutar d’Ele ao revelar Sua natureza, Seus mandamentos e Suas promessas. Glorificar a Deus implica reconhecê-Lo como supremo em todas as coisas, vivendo em obediência aos Seus mandamentos, adorando-O com sinceridade e proclamando Sua glória ao mundo. O Salmo 29:2 nos exorta: "Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor na beleza da santidade." Além disso, a Palavra nos guia em como gozá-Lo, cultivando uma comunhão íntima com Ele por meio da leitura das Escrituras, da oração e da vida piedosa. O Salmo 1 descreve a bem-aventurança daquele que medita na Lei do Senhor, comparando-o a uma árvore plantada junto a águas correntes, sempre frutífera e firme.

Um comentário enriquecedor sobre esta questão vem de John Gill, teólogo batista reformado, que enfatizou a suficiência das Escrituras. Ele afirmou que "a Bíblia não é apenas uma regra, mas a única regra que Deus deu à Sua igreja para instruí-la na fé e prática. Qualquer outra regra é falha, mas as Escrituras são completas e infalíveis, e nelas encontramos todas as coisas necessárias para a vida e a piedade." Esse entendimento reforça que qualquer desvio da Palavra de Deus leva ao erro e à idolatria, pois somente através das Escrituras podemos compreender plenamente a vontade divina.

A prática da leitura e obediência à Palavra deve ser constante na vida cristã. Tiago 1:22 adverte: "Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos." Não basta ouvir ou ler as Escrituras; é necessário aplicá-las à vida cotidiana. Esse compromisso não apenas nos ajuda a glorificar a Deus, mas também nos permite experimentar uma alegria profunda e duradoura n’Ele, conforme prometido em Salmos 16:11: "Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, o eterno prazer à tua direita."

A segunda pergunta do Catecismo nos lembra que a Palavra de Deus não é apenas um conjunto de regras ou doutrinas abstratas, mas o meio pelo qual o próprio Deus se comunica com Seu povo. Por meio das Escrituras, aprendemos a natureza de Deus, a profundidade de Seu amor e a magnitude de Sua obra redentora em Cristo. Ao nos submetermos a essa regra divina, descobrimos não apenas como glorificar a Deus em todas as áreas da vida, mas também como experimentar a verdadeira plenitude e satisfação que somente Ele pode oferecer.

Assim, a resposta à segunda pergunta do Breve Catecismo de Westminster nos leva a um reconhecimento mais profundo da suficiência, autoridade e centralidade das Escrituras na vida cristã. Elas são o tesouro que Deus nos deu para conhecê-Lo, glorificá-Lo e encontrar n’Ele nossa maior alegria. Esse chamado nos desafia a viver em plena dependência da Palavra, não apenas como regra, mas como expressão do amor e sabedoria de Deus para Sua criação.

Oração

Senhor Deus Todo-Poderoso, louvado seja o Teu nome por nos teres dado a Tua Palavra como luz para os nossos caminhos e guia para as nossas vidas. Obrigado porque, por meio dela, podemos conhecer a Tua vontade, glorificar-Te em tudo o que fazemos e encontrar verdadeira alegria em Ti. Ajuda-nos a amar e meditar nas Escrituras diariamente, a aplicá-las em nossa caminhada e a compartilhá-las com outros. Que vivamos de maneira digna, demonstrando que Tua Palavra é viva e eficaz em nossas vidas. Em nome de Jesus Cristo, que é o Verbo encarnado, oramos. Amém.

REGRA DE FÉ E PRÁTICA