John Knox nasceu em 1514, em Haddington, na Escócia, em uma família humilde. Desde cedo, demonstrou inclinação para os estudos, o que o levou a frequentar a Universidade de St. Andrews, onde se formou em teologia. A Escócia de sua época era profundamente católica, mas os ventos da Reforma Protestante, que sopravam da Europa continental, começavam a causar impacto.
Knox foi ordenado sacerdote em 1536, mas os abusos e a corrupção da Igreja Católica Romana inquietavam sua alma. Em 1543, ele começou a ser influenciado pelos ensinamentos reformados de Martinho Lutero e João Calvino, tornando-se um ardente defensor da doutrina protestante. Sua vida deu uma guinada definitiva ao conhecer George Wishart, um reformador escocês que inspirou Knox com sua pregação e sua coragem diante da perseguição.
Após a execução de Wishart em 1546, Knox foi capturado e enviado para trabalhar como escravo em galés francesas. Durante quase dois anos, ele sofreu sob condições desumanas, mas sua fé permaneceu inabalável. Finalmente liberto em 1549, Knox se estabeleceu na Inglaterra, onde serviu como capelão do rei Eduardo VI e ajudou a promover a Reforma Protestante na Igreja Anglicana.
No entanto, com a ascensão da rainha católica Maria Tudor ao trono em 1553, Knox foi forçado a fugir para o continente europeu. Ele passou vários anos em Genebra, onde estudou sob a liderança de João Calvino. Esse período foi crucial para moldar sua visão teológica e sua determinação de implementar reformas radicais em sua terra natal.
Em 1559, Knox retornou à Escócia e rapidamente se tornou o líder da Reforma Escocesa. Ele denunciou o domínio da Igreja Católica e a aliança entre a nobreza escocesa e o catolicismo, exigindo que a Escócia se tornasse uma nação protestante. Sua pregação inflamou multidões e inspirou um movimento que culminou na adoção da Confissão Escocesa de Fé em 1560, estabelecendo o presbiterianismo como a religião oficial da Escócia.
Knox não se limitou a liderar a reforma religiosa; ele também se envolveu na política, desafiando diretamente figuras poderosas, como a rainha Maria Stuart. Ele confrontou a monarca com coragem, repreendendo seu apoio ao catolicismo e sua tentativa de reverter as reformas protestantes. Essas confrontações tornaram Knox uma figura controversa, admirada por muitos, mas temida e odiada por outros.
Teologicamente, John Knox era um defensor fervoroso da soberania de Deus, da autoridade das Escrituras e da salvação pela graça mediante a fé. Ele acreditava que a Igreja deveria ser purificada de todas as práticas não bíblicas e que a adoração deveria ser simples, centrada na pregação da Palavra. Knox também defendia o governo da Igreja por presbíteros, rejeitando a hierarquia episcopal e as tradições católicas.
Seu impacto na Escócia foi profundo e duradouro. Ele desempenhou um papel decisivo na formação da Igreja Presbiteriana, que se tornou a principal força espiritual da nação. Além disso, seu legado influenciou movimentos reformados em outras partes do mundo, incluindo os puritanos ingleses e os colonos presbiterianos na América do Norte.
John Knox faleceu em 24 de novembro de 1572, em Edimburgo, após uma vida marcada por intensas batalhas espirituais e políticas. Ele deixou um legado como um líder destemido, cuja paixão pela verdade bíblica transformou a Escócia e preparou o caminho para o protestantismo em toda a Europa.
Knox é lembrado como um homem de fé inabalável, um pregador eloquente e um reformador convicto, que arriscou tudo por sua crença de que Deus deveria governar, tanto na Igreja quanto na nação. Sua vida é um testemunho de como um indivíduo, armado com a Palavra de Deus e uma convicção inabalável, pode transformar o curso da história.